Ola malta!!
Hoje vou escrever um pequeno texto sobre o que andei a aprender na aula, mais propriamente sobre: Gil Vicente.
Gil Vicente: O homem e o seu tempo
O homem de quem falta saber muito
Gil Vicente nasceu no reinado de D. Afonso V, alguns anos antes ou alguns anos depois de 1465, e faleceu entre 1536e 1540.
Ignora-se a profissao e a condiçao social de Gil Vicente. O nome de Vicente, que nao é fidalgo, sugere uma origem popular ou burguesa. Certo genealista do século XVI dá-o como natural de Guimaraes. Quanto à profissao, aceita-se geralmente que este GIl Vicente é o famoso ourives do mesmo nome que cinzelou a custodia de Belem com oiro trazido de Quiloa por Vaco da Gama, em 1503, no regresso da sua viagem à Índia. Mas é dificil conciliar a formaçao de um ourives nesta epoca com a de um homem de letras como é o nosso autor; alem de que este ourives, que tinha a seu cargo enormes empreitadas, era certamente muito rico, e o Gil Vicente dos autos se declama pobre. Há outro genealogista, tambem do século XVI, que faz Gil Vicente mestre de Retórica do rei D. Manuel, o que é mais aceitavel. O certo é qe durante cerca de 35 anos o nosso autor foi, nas cortes de D. Manuel I e de D. Joao III, uma especie de organizador encartado dos espetaculos palacianos, com o encargo de festejar nascimentos e casamentos, chegadas e partidas de reis e principes e os dias solenes na corte, como o natal e a pascoa. Os seus autos nasceram das festividades palacianas, comemorando o primeiro deles, o Monólogo do Vaqueiro, o nascimento do futuro rei D. Joao III, em 1502.
É certo também que alcançou, nas cortes de D. Manuel e de D. Joao, uma situaçao de prestigio e talvez de valimento, que lhe permitiu certas liberdades e audacias, alias acordes com o ambiente intelectual renovador e agitado do primeiro terço do seculo XVI a que o nosso pais nao escapou. Foi aquela situaçao privilegiada que tornou possivel a Gil Vicente pregar aos frades de Santarem um sermao, em 1531, em que os censurava por terem alarmado a populaçao da cidade fazendo-lhe crer que o terremoto era um fenomeno natural e que os judeus deviam ser convertidos, sem violencia, pela persuasao.
Gil Vicente soube aproveitar a sua situaçao na corte para uma critica atrevidissima de diversos vicios sociais, especialmente relativos à nobreza e ao clero. Mas fazia-o aparente ou realmente de acordo com o rei, a quem interessava por vezes castigr certos abusos, e que, frequantemente, por virtude da sua politica de concentraçao do poder eclesiastico na familia real, de propriaçao dos rendimentos eclisiasticos e de reforço da autoridade real em face da autoridade da santa se, entrou em conflito com o clero.
A Exortaçao da Guerra é representada com o fim bem especifico de conseguir fundos para a expediçao de Azamor e de obrigar o clero portugues a ceder o terço dos seus rendimentos para a "guerra santa", direito que o rei D. Manuel alcançara enviando para esse fim ao papa a famosa embaixada de Tristao da Cunha. Mas a critica de Gil Vicente vai, naturalmente, muito alem das intençoes do rei, que lhe serviram de ocasiao.
A carreira teatral de Gil Vicente termina em 1536, com a representaçao da Floresta de Enganos. Depois da sua morte a corte manteve fielmente o valimento que lhe dera em vida, e os seus autos continuaram a ser representados (nao todos certamente). A viuva de D. JoaoIII protegeu, contra a inquisiçao, a publicaçao completa das suas obras em 1562, sob o titulo Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente.